Na sessão plenária do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por unanimidade, pela improcedência de
representação apresentada contra o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro,
por uso de expressão satírica durante campanha eleitoral em 2022. O relator do
caso é o ministro Carlos Horbach.
O processo trata da divulgação de
carreata da qual Bolsonaro participou em Natal (RN) em setembro do ano passado,
juntamente com o deputado federal General Girão, também alvo da ação. O
material continha a frase “Cuscuz Clan em Natal com Bolsonaro e Michelle
Bolsonaro”. Os autores da representação apontaram que a propaganda e demais
publicações replicadas em redes sociais usaram de trocadilho para fazer alusão
ao movimento supremacista Ku Klux Klan (KKK), o que configuraria propaganda
discriminatória e discurso de ódio.
No julgamento, o relator lembrou
que as postagens convidando ao evento surgiram em resposta às declarações
feitas pelo então adversário na campanha, Luiz Inácio Lula da Silva, que
comparou as manifestações realizadas no dia 7 de Setembro a uma reunião da KKK.
Nesse contexto, o ministro
Horbach fez referência ao decidido
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4451, que declarou inconstitucionais dispositivos
da Lei das Eleições que vedavam sátira a candidatos. “O direito fundamental e a
liberdade de expressão não se direcionam somente a proteger as opiniões supostamente
verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também aquelas que são duvidosas,
exageradas, condenáveis, satíricas, bem como as não compartilhadas pelas
maiorias”, destacou o ministro.
De acordo com o relator, o
material em questão não se enquadra no disposto pelo artigo 22 da Resolução
TSE nº 23.610, que veda propaganda que, entre outros pontos, “veicule
preconceitos de origem, etnia, raça, sexo, cor, idade, religiosidade,
orientação sexual, identidade de gênero e quaisquer outras formas de
discriminação, inclusive contra pessoa em razão de sua deficiência”.
Ao acompanhar o voto do relator,
a ministra Cármen Lúcia alertou que é preciso ter cuidado para não usar as
palavras em espaços de ação política que suscitem mais ódio e experiências
graves na sociedade. O argumento foi também acompanhado pelo presidente do TSE,
ministro Alexandre de Moraes, que acrescentou: “Nós temos realmente que tomar
cuidado para não aceitar que mensagens de ódio, mensagens racistas, nazistas e
homofóbicas sejam disfarçadas de sátira e ironia”.
JV/CM, DM
Processo relacionado: Rp
0601146-52.2022.6.00.0000
Fonte: TSE
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