ELEIÇOES 2024: Especialistas sugerem prazo maior para registro de candidaturas em minirreforma eleitoral
Eles também defenderam regras claras para as campanhas na internet e nas redes sociais
Participantes de audiência
pública do grupo de trabalho da minirreforma eleitoral defenderam de forma unânime
a previsão de tempo maior para registro de candidaturas. Conforme explicou o
livre docente pela Universidade de São Paulo (USP) Walber Agra, hoje as
convenções partidárias ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto, e o prazo para
registro se encerra em 15 de agosto.
Com isso, a Justiça eleitoral tem
de julgar a regularidade de todas as candidaturas em menos de um mês, entre 15
de agosto e o primeiro turno das eleições, no primeiro domingo de outubro. Esse
prazo extremamente curto, segundo o professor, provoca o que chama de “terceiro
turno das eleições”, com o questionamento das decisões da Justiça Eleitoral.
A advogada eleitoral Anne Cabral
concorda com o professor e considera fundamental a antecipação do período de
registro de candidaturas. “Quem acompanha no dia a dia o registro de
candidatura, é uma loucura com os prazos exíguos que a gente tem, e termina
isso ensejando análises superficiais.”
Como solução, o professor Agra
sugere que as convenções partidárias ocorram entre 1º e 20 de junho dos anos
eleitorais, com o fim do período de registro dos candidatos em 1º de julho. Com
isso, haveria 45 dias a mais para o julgamento da regularidade das
candidaturas.
Propaganda
Assim como os demais debatedores, a diretora de promoção da liberdade de
expressão da Presidência da República, Samara Castro, defende a adoção de
regras claras para a propaganda eleitoral nas redes sociais. Para ela, uma
medida fundamental é obrigar as plataformas a manter um cadastro público em
tempo real que permita a identificação de todos os financiadores das campanhas.
Para Samara Castro, os bancos de
dados devem conter informações como nome de quem pagou a propaganda, conteúdo
veiculado e valor gasto, que deveriam ser guardadas por pelo menos um ano. Além
de conferir transparência às campanhas, a medida seria útil na apuração e
punição de crimes cometidos nas redes virtuais. “Até para evitar qualquer tipo
de desvio ou de ataques que muitas vezes acontecem sem a gente conseguir, de
fato, ter provas suficientes para eventual responsabilização.”
Bruno Spada / Câmara dos
Deputados
Anne Cabral defendeu que verbas
destinadas às mulheres possam cobrir custos com segurança
Já o representante do Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral, Melillo Diniz Nascimento, defendeu a
aplicação de multa a eleitores que publicarem notícias falsas de maneira
intencional. Além disso, diante da dimensão que tomou a disseminação das
chamadas fake news, ele sugeriu a criação de juizados especiais eleitorais em
ambiente virtual com competência específica para julgar crimes de
desinformação.
O relator da minirreforma,
deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), explicou que o grupo não trata de fake
news, uma vez que o assunto é objeto de um projeto de lei específico em análise
na Câmara. Ele ressaltou, no entanto, que ataques virtuais podem, sim, ser
abordados.
Violência política de gênero
A diretora de promoção da liberdade de expressão da Presidência, Samara Castro,
sugeriu ainda que o grupo estenda a proteção contra violência a todas as
mulheres envolvidas em atividades políticas e partidárias. Atualmente, a lei
assegura essa proteção somente às candidatas. Com a mudança, jornalistas,
dirigentes partidárias e militantes, por exemplo, também seriam protegidas.
Tanto Samara Castro quanto a
advogada Anne Cabral também defenderam que as verbas destinadas às mulheres
para a realização de campanhas eleitorais possam cobrir custos com segurança e
aquilo que denominam de economia do cuidado. Esta entendida como o cuidado com
a família – idosos e crianças, por exemplo –, historicamente uma
responsabilidade das mulheres.
O relator, deputado Rubens
Pereira Júnior, reafirmou que a intenção é concluir os trabalhos do GT já na
próxima semana. Na segunda-feira (4) e na quarta-feira (6), o grupo de trabalho
volta a se reunir. "A previsão e o desafio do grupo é que na próxima
quarta-feira, dia 6 de setembro, nós já conseguiremos poder votar e aprovar nosso
relatório.”
Conforme explicou o relator, o
grupo de trabalho foi instituído com o objetivo de promover ajustes no modelo
eleitoral vigente, de modo a incorporar à legislação avanços trazidos por
resoluções da Justiça Eleitoral, principalmente nas eleições do ano passado.
Para que as mudanças possam valer para as eleições municipais de 2024, a
minirreforma precisa ser aprovada pelo Congresso e publicada até o dia 5 de
outubro deste ano.
Reportagem - Maria Neves
Edição - Geórgia Moraes
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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